Maria Padilha, Raimunda e Raimundo Padilha

Quando eu era criança, lá na Parangaba, lá na Itaoca, mais precisamente, esquina com o beco, da rua Júlio Verne, tinham pelo menos uns seis coqueiros gigantes no nosso quintal, tinha até daqueles coqueiros de côco alaranjado, mais raro, que, os mais velhos, dizem que serve como remédio. Nós morávamos, parede com parede, com a macumba. Éramos vizinhos da dona Edite, da dona Zuza, da Ritinha loura, do Tárzan, do seu Zé Rodrigues, que só andava a cavalo, da dona Maria, madrinha da minha mãe que tinha um jardim na área de casa, era madrinha, mas era da igreja dos crentes e usava sempre o mesmo vestido cor de creme e o cabelo feito um coque nos cabelos já meio grisalhos de bailarina, como imaginamos a Dona Benta, da obra de Monteiro Lobato. Alías, o Lobato, numa ficção, novela global, tem a alcunha de Tabaco, é um motorista de grã-fino e tem três mulheres, que não sabem da existência entre elas. Ele as denomina de Alfa 1, Alfa2 e Alfa3. Uma morena, outra ruiva e a terceira loira. Parece linha de produtos para tratar as madeixas, lubrificar o folículo piloso, Alfa Parf. Só usei desse no Benfica, mas sempre vejo o cartaz. Esse tem cartaz! A história de me chamar de Maria Padilha é porque toda mulher é Maria, por causa da sagrada família, por causa da mãe de Jesus. Raimunda Padilha porque minha avó paterna se chamava Raimunda. Dizem que era boa de artesanato, fazia bonecas de pano, botava boneco. Mulher boa de região lombar, uma Lombardi, quase a Íris Abravanel. Correspondente ao Raimundo Padilha. Mas, a bolsa de artesanato dele é a bolsa de valores e futuros. Não é bem a bolsa de negócios dos artesanatos da vovó de Boa Viagem, mas nada é por acaso, ele depende dos comodites, dos barões do agronegócio. A vovó já estava livre e desimpedida, os filhos e netos criados, aposentada, tinha sua sabedoria e sua arte. Eu, porque tenho os dentes bons, passava o dia comendo côco-verde, o Pão-de-ilha, chupando Dim-dim de côco, eating Pavê de biscoito champagne, ou o que alguns chamam de Manjá Branco, se for feito de côco, que a mãe Nenê faz no Natal, e Cocada, especialidade, feita pela minha avó materna, a mãezinha. Eu comia, também, a laminha e água de côco verde ou raspa de côco maduro, para sobrar a quenga, com a qual, algum nativo remanescente ou esses visitantes, esporádicos, cavam a terra, aparam seus alimentos, ou, seus excrementos, e as cinzas de seus cigarros, na hora da saudade, do desespero e da raiva. Daí a expressão: "Está fumando numa quenga!". O cara numa ilha deserta, não tem mais nada, o desepero paira e ele só tem a metade de um côco, já sem a laminha, e sem o recheio de côco. Só lhe resta fumar na quenga. Se ele ainda tiver um cigarro. E fogo! "Ele está nos cascos!", para citar outro trocadilho sonoplasta, sim, porque, as quengas também servem para a sonoplastia, para imitar o trote dos cascos dos galopes dos eqüinos e eqüinas. Geralmente, nas ilhas quase desabitadas, tem coqueiros, como banheiro grã-fino, como companheiro, como fonte de alimento, muito além, do cocô da visita de gabinete. Sustentando

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