Emanuel

Minha avó cantava assim, para mim: "Lá vem o seu Manel, comandando os batalhões. Macaco vem sentado na corcunda do Leão." Depois vinha: "Marcha soldado, cabeça de papel, se não marchar direito, vai preso no quartel. O quartel pegou fogo, a polícia deu sinal. Acode, acode, acode! Salvem o general! Depois, "Lagarta pintada. Quem foi que pintou? Foi uma velhinha que passou por aqui. No tempo da Era, fazia poeira. Puxa, lagarta, na ponta da orelha!" E eu puxava! Tinha outra musiquinha, mas quem me ensinou foi o Hedilberto, quando estudava, no "O Sabidinho", na terceira etapa, do Conjunto Ceará, no caminho para a Academia Cleide Néry: "Borboletinha, tá na cozinha, fazendo seu melado, para a madrinha. Poty, Poty, cara-de-pau, olho de vidro, nariz de pica-pau, pau, pau. O Papai Alberto Hermes, sempre contrata um Emanuel para trabalhar com ele, mas ele diz que quando o Mané chega num terreiro de macumba, para entregar a cachaça, e vê as imagens, ele desmaia. O pai me chama de Potinha, pode ser pote de barro, d´agua. Porém, eu acho que é porque quando os egípcios são mumificados, os orgãos internos são retirados e colocados num pote, num jarrão. Tipo quando são cremados e as cinzas ficam num jarro-de-flor. Minha Mãe-Neném e a Mãezinha Alzira, me chamam de flor-de-laranjeira. Acho bonita a flor-do-maracujá, porque é bem grande e exótica. O Erivaldo pintou três quadros para minha família, depois, de um dia, que tivemos um "Êxtase da Pedra Branca". Eu estava sugando a cobra dele de joelhos, na Residência Universitária, quando ele revirou os olhos verdes, que também eram estrábicos e começou a pintar um Jarro-de-flor, azul, de porccelana portuguesa, um Sol enorme com os jangadeiros chegando da diária, e uma égua branca, em movimento, trotando, rumo a uma cerca. Gratidão e a maneira que ele me vê.

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