Amor de pai
Um rapaz não pode dizer que se chama Alberto, que eu gamo cega, confio cedo, danço e giro. Sou tomada por aquele amor que eu sinto pelo seu Alberto Hermes, desde criancinha, quando eu vivia encangada no tum-tum dele, na corcunda, nos ombros, quando ele me levava dos trilhos, da parada do ônibus da Gerema, vermelho e preto, depois, da Águia Branca, primeiro cor-de creme, até nos bancos alcochoados, depois, azul e branco, com detalhes prateados. Nós desciamos do ônibus, geralmente aos domingos para visitar meus avós, na Parangaba. Meu pai me levava trepada nos ombros, de pernas enroscadas em seu pescoço, como se fosse a famosa briga-de-galo, dos jovens, nas piscinas, dessa parada, nos trilhos, debaixo das mangueiras até chegar à Itaoca, esquina com a rua Germano Frank, chegarmos à rua Júlio Verne, oficina do Mestrim. Meu pai dizia que eu era um boião e que se me colocasse no chão, eu chorava. Ele é forte! Ele me chama de Mané, Coreolana véia magra, Cabrita gorda, Pandoré, e, agora, Lambari.
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