Bano, Guano, Própolis, Estrume, Apiguana

São os escrementos, seja de um morcego, de uma vaca, de cabra, de galinha ou até xixi de ratinho, como já identificou minha amiga Delane Barbosa, que são sagrados em algumas culturas. No agronegócio, os gases, também escrementos, produzidos pelos caprinos e ovinos, são colhidos, armazenados debaixo de lonas. É o Biogás, o gás natural, usado na combustão diversa das fazendas e sítios. Por isso, a cantora Alcione, conhecida e famosa como a Marron, canta "O Deus do ÉBano". Aqui, no Ceará, são valiosos, pois fazem a terra ficar fértil, florescer. No vale fértil do Nilo, até os cadáveres eram deixados no rio ou cremados, onde as cinzas contribuíam para os sais minerais da água fluvial. Providência divina. Tem um trocadilho que diz: "Meu amor, meu penico de cocô." Eu estudava com um colega Cristóvão que dizia: "Quando te vejo, me bate uma saudade, assim, profunda: a merda bate na água e a água bate na bunda". Imagino que era a maneira que ele entendia e tentava expicar-me a lei de ação e reação. Mas, quando comecei minha iniciação no curso de Teatro, baseado em Stanilavisk, no livro, A preparação do ator, fazer o real fora do palco, para compreender a cena. A melhor explicação, que nosso diretor, que leu e estudou a obra, nos dava, era ficarmos como extendendo roupa, no procênio, para dar veracidade, a uma cena, em que se necessitará extender roupas, no palco. Todo esse talento, amor, esforço e preparação para receber merda, a sorte, os aplausos do público. Porque, segundo meus colegas atores merda é sorte em, francês, os escrementos do público, o que lhes sobra após o espetáculo, o que eles podem donativar, sua cera, o cerão. Porém, para o ator, diretor, produção, o aplauso é alimento, o que, de fato, faz continuar. É o feedback, a retroalimentação, o eco, o ressoar. O rôxo, no olho, depois, de uma boa briga. Às vezes o vencedor é quem ficou quieto. O zangado é preso. O Erivaldo me ensinou que "a comida do zangado, cria os injeitados." Dizeres de seu pai Jerônimo, meu sogro. Jogou fora, nós catamos.